"Apagarei
as pirâmides, as medalhas,
os
continentes e os rostos",
das valsas de Johann Strauss,
as notas e as vozes da primavera,
apagarei das minhas mãos,
os vultos de teus seios,
e no continente do sono,
as ondas de Netuno,
as plumas da ave gigante,
os contornos de minha longa voz
Esperimento o ter e o nada ter,
as avalanches e os frutos da árvore
que está nascendo
Cortado ao meio, colado ao meio,
untado com a seiva do papel
de minha privilegiada memória
E não apago nada, e apago tudo,
abraço e não abraço o esquecimento
Minhas mãos tocam as oito margens
do rio corrente de pensamentos,
do rio poente da sol vindouro
Sumo e apareço destravando as presilhas
caídas no tempo construído pelas muralhas
do que sou e ainda não sou,
afirmo, ser um navio, um barco,
a seta cravada na nuvem vermelha
( edu planchêz )
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