terça-feira, 10 de julho de 2012

Jogando com Jorge Luiz Borges



"Apagarei as pirâmides, as medalhas,
os continentes e os rostos", 
das valsas de Johann Strauss, 
as notas e as vozes da primavera,
apagarei das minhas mãos,
os vultos de teus seios,
e no continente do sono, 
as ondas de Netuno,
as plumas da ave gigante,
os contornos de minha longa voz

Esperimento o ter e o nada ter,
as avalanches e os frutos da árvore
que está nascendo

Cortado ao meio, colado ao meio,
untado com a seiva do papel
de minha privilegiada memória

E não apago nada, e apago tudo,
abraço e não abraço o esquecimento

Minhas mãos tocam as oito margens
do rio corrente de pensamentos,
do rio poente da sol vindouro

Sumo e apareço destravando as presilhas
caídas no tempo construído pelas muralhas
do que sou e ainda não sou,
afirmo, ser um navio, um barco,
a seta cravada na nuvem vermelha

   ( edu planchêz )

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